Pelo menos desde o século 14, na Europa, se tornaram comuns imagens que mostram o envelhecimento humano dividido em fases. Num mesmo quadro, diversas figuras representam momentos diferentes da vida de uma pessoa.
É uma pessoa genérica essa que envelhece esquematicamente. Segundo a historiadora Shulamith Shahar, em capítulo do livro A History of Old Age (ed. The J. Paul Getty Museum, 2005), trata-se de “um homem ou mulher, com frequência das classes abastadas, sem preocupação aparente além de envelhecer, [que] vai da infância feliz à velhice saudável, alcançando um pico de prosperidade na meia-idade”. As fases retratadas não têm necessariamente a ver com critérios biológicos ou sociais; são, antes, uma referência à “identidade simbólica de cada fase da vida”.
O “pico de prosperidade” fica ainda mais visível nas representações das fases da vida como degraus de uma escada que sobe da infância e depois desce para a velhice. Esse esquema combina a ideia de progresso linear (o acúmulo dos anos em números crescentes, a sucessão de estados conectados, mas distintos e excludentes entre si) com a da velhice como decadência do corpo e aproximação da morte.
A representação do envelhecimento como um processo feito de fases prevalece até hoje. Quando diferenciamos “crianças”, “adolescentes”, “adultos” e “velhos” ou quando falamos em “crise da meia-idade”, por exemplo, continuamos montando esquemas de identidades simbólicas.